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“Especial Inspiratio”: Como desenvolver a espiritualidade?

Confira a primeira parte da entrevista com Osmar Ludovico, autor de Inspiratio, e saiba como desenvolver práticas saudáveis para a caminhada cristã

Em outubro, a Mundo Cristão lança Inspiratio, livro escrito por Osmar LudovicoA obra propõe uma caminhada de fé que vai na contramão dos modismos, dos grandes espetáculos, da religiosidade superficial, do que é exuberante, mas vazio. Nela, Osmar Ludovico propõe um retorno ao simples, ao silencioso, ao pequeno e ao profundo como o caminho para um encontro sem igual com Deus.

Por meio de uma abordagem edificante, o autor traz uma visão holística da Igreja e de sua missão, com orientações indispensáveis para uma espiritualidade verdadeira, e instiga os leitores a buscar na espiritualidade clássica meios atuais de encontrar a Trindade Santa em meio aos ruídos da contemporaneidade.

Em entrevista à equipe da MC, Osmar faz um mergulho nos temas que compõem Inspiratio e toca em assuntos importantes para a jornada de todo cristão. Um bate-papo curioso que você não pode perder! Acompanhe a primeira parte da entrevista a seguir!

Mundo Cristão: “Inspiratio”. O que é? A quem o livro é destinado?

Inspiratio é um livro despretensioso, escrito ao longo de alguns anos. Ele aborda temas teológicos, existenciais, familiares e relacionais, a partir de experiências do coração. Seu conteúdo é fruto de pequenas e significativas experiências testadas no chão da vida.

A obra é destinada a todos aqueles que não se acomodam na peregrinação com Cristo até Cristo e buscam avançar no aprofundamento de sua experiência com Deus e com a vida como ela é.

De que forma o retorno ao simples, ao silencioso, ao pequeno e ao profundo como o caminho para um encontro sem igual com Deus se torna atitude fundamental para a igreja de nossos dias?

Jesus é de uma simplicidade desconcertante. Um rei que não tem palácios, exércitos, não possui bem material nenhum. Precisa tão somente de três símbolos para ensinar lições preciosas à humanidade: uma mesa com pão e vinho, uma bacia e uma toalha e uma tosca cruz de madeira.Jesus falou muito pouco, seus gestos eram tão eloquentes que ele precisou de poucas palavras para comunicar ao mundo sua mensagem redentora e os principais valores para a vida.

Ele tinha uma capacidade enorme de falar pouco e dizer muito, de gerar um impacto tremendo a partir de sua amizade e do seu exemplo de vida. Jesus praticava o silencio, ficou quarenta dias no deserto em solitude e quietude. Jesus se esvaziou da sua glória eterna e se fez carne não como homem adulto, mas como um bebê dependente, impotente e vulnerável. Ele nos ensina que o Reino de Deus é revelado aos pequeninos.

Jesus nos conduz ao profundo,

ele nos revela o mistério da Trindade e da Encarnação, algo que não podemos explicar, mas tão somente podemos apreciar extasiados e de joelhos diante dele. Ele nos revela de forma simples, mas intensamente profunda, como Deus é e comoo homem deveria ser. Todo aquele que quer se tornar mais parecido com Jesus Cristo será uma pessoa que prega o Evangelho todo o tempo e, quando necessário, usará algumas poucas palavras.

O discípulo de Jesus é uma pessoa simples, desprovida de glamour, de sofisticação e capaz e viver com pouco. Alguém pequeno, que se parece como uma criança no seu desejo e receptividade de aprender. Alguém esvaziado da vanglória, do sucesso, da ambição, e que considera os outros superiores a si mesmo.

Alguém que não se contenta com respostas pragmáticas e técnicas, mas que sabe que tem um longo caminho de aprofundamento de sua fé, esperança e amor. Ou seja, alguém que não se torna dono da verdade, mas busca sempre crescer, amadurecer e aprofundar sua experiência cristã.

Seremos mais parecidos com Cristo — atitude fundamental para os cristãos, a igreja — ao nos tornarmos cada vez mais simples, silenciosos, pequeninos e profundos, seguindo o exemplo do Salvador.

Como a espiritualidade é desenvolvida e de que forma ela pode levar os cristãos a patamares mais elevados em sua jornada de fé?

Poderíamos dizer que existem três pilares para uma espiritualidade sadia:

Primeiro, a teologia, o estudo e o conhecimento das Escrituras, uma busca e uma prática constante de leitura bíblica. Acontece na academia com os mestres ou na biblioteca ao lado dos comentários e dicionários. Essa teologia, no entanto, não dever ser apenas racional, mas um conhecimento bíblico que conduz o indivíduo aos pés da cruz, num processo contínuo de metanoia (arrependimento, conversão, transformação espiritual).

Segundo, a mística, que diz respeito ao mistério de Deus, aquilo que não pode ser compreendido ou explicado, o inefável, o inominável, o insondável, o inescrutável. A alma que se apega a Deus a partir de uma experiência transcendente, irreproduzível e indescritível face ao mistério divino, ao eterno e ao sublime.

Acontece na solitude e na quietude do quarto secreto e afeta a consciência, os sentimentos, os sentidos e o corpo. Essa experiência gera a oração contemplativa, um êxtase sem palavras diante do mistério do amor de Deus. Por essa razão, grande parte das Escrituras é poesia, metáfora, parábolas.

A teologia e a mística fornecem os temas para a vida comunitária, para as conversas e as trocas com os amigos que compartilham a fé.

Terceiro, a missão, pois não se trata tão somente de ler a bíblia, orar e viver em comunidade. Somos chamados para ser sal e luz em um mundo conturbado, a nos envolvermos com o Kerigma(proclamação) e com a Diakonia(serviço) no contexto da missão da Igreja. Cada um de nós tem uma missão, uma vocação e recursos para atendermos ao chamado de Deus para sermos instrumentos em suas mãos, para contribuir para que este mundo se torne melhor.

No livro, o senhor instiga os leitores a buscar na espiritualidade clássica meios atuais de encontrar a Trindade Santa em meio aos ruídos da contemporaneidade. Poderia elucidar algumas características dessa espiritualidade? Como essa revisita ao passado pode ajudá-los a descobrir práticas saudáveis para a caminhada cristã?

Espiritualidade é uma arte e não uma técnica. Não tem receitas, diz respeito à vida devocional no secreto, ao cultivo de uma intimidade com Deus no silêncio e na solitude, ao processo contínuo de metanoia através da leitura bíblica meditativa e da oração contemplativa.

Espiritualidade gera uma vida quebrantada diante de Cristo e dependente do Espírito, irradia a presença do Pai e gera santidade e serviço ao próximo. Fique de olho!Não perca a segunda parte da entrevista especial com o autor!Acompanhe essa e outras novidades aqui na página da Mundo Cristão ou em nossos perfis nas redes sociais! 

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